Toda a pessoa tem um nicho, e eles são mais limitantes do que você pensa.
Me lembro com muita frequência das vezes que desisti ou fiquei com medo de escutar uma música que nunca tinha ouvido falar pelo tiktok ou qualquer outra rede social, e me lembro mais ainda quando a minha cara caiu quando tomei coragem para ouvir tal musica, me sentia ridícula por fazer isso e pensava no quanto aquela letra combinava comigo ou qualquer coisa assim.
Passei muitos anos agindo dessa maneira até que decidi criar coragem (esse ano) para sair da minha bolha de musicas para conhecer novos cantores e compositores, sou uma pessoa incrivelmente eclética, porém desde que me entendo por gente só ouvia as musicas que outras pessoas me mostravam, eu sei era um medo ridículo mas ainda assim e o sentia com frequência.
Isso é só um exemplo mas esse medo se estendia para varias outras coisas, como: filmes, livros, e qualquer coisa minimamente nova que eu pensasse em fazer.
Como você tem se sentido na sua bolha? cansado? Porque eu sim, de um tempo para cá enjoei de todas as musicas que escutava, todas as series que assistia, todos os livros que lia e todos os gêneros que consumia. Esse cansaço, esse enjoo, essa ânsia, essa apatia em comparação a tudo que sentia quando consumia minhas coisas favoritas só foi ficando maior, até o momento que parei de consumir a maioria das coisas que gostava e ao invés de procurar coisas novas eu quis dopamina barata, pulei para o tiktok e deixei que ele moldasse tudo o que eu gostasse, deixei que ele definisse minhas opiniões e tudo o que sentia, com base nos vídeos que passavam e nas trends que os outros geravam, passei muito tempo assim (mais tempo do que deveria). Tudo o que consumia era pelo tiktok, tudo o que gostava sucedia dele, tudo o que julgava era decorrente da opinião de outras pessoas em vídeos sem fundamento ou fonte alguma.
Eu não entendia quando diziam que redes sociais poderiam ser perigosas até que senti isso na pele, percebi que meu pensamento crítico havia ido para o saco quando me vi concordando com vídeos que eu normalmente nunca concordaria, foi quando parei.
“O algoritmo te deixa preguiçoso, te alimenta apenas com coisas que você gosta e te deixa de fora do resto do mundo”
Alguém disse isso em um vídeo do tiktok e eu nunca esqueci.
Ninguém gosta de ver coisas que não lhe agradam, desde um labubu até um jogo de futebol, mas isso não significa que você não possa saber pelo menos um pouco para poder julgar. Sabe a frase: “Ler um livro ruim para julgar com propriedade.” ?
É gata, as vezes temos que nos arrepender de ter aprendido a ler para poder ter opinião sobre alguma coisa, infelizmente para julgar ou discordar de algo temos que ter fonte e embasamento SIM! (mesmo que isso nos custe horas deitada na cama olhando para o teto e pensando no quanto é burrice).
“A internet devia ser uma ponte, mas virou prisão silenciosa.
No Tiktok, você aprende tudo e faz nada;
No X, você lê 100 opiniões e esquece a sua;
No Youtube, você vê o caminho, mas nunca anda;
No Instagram, você consome 1.000 vidas e paralisa a sua;
No Threads, você sente que criou… só porque comentou.
Você foi feito pra expressar, mas se contenta como espectador.
O excesso de consumo enfraquece a criação.
E sem criar, você desaparece. Mesmo estando online o tempo todo.”
Quando você aceita ser um espectador, você deixa que todos moldem seu pensamento, a falta de um pensamento critico faz com que você acredite em tudo sem ao menos pesquisar sobre o que estão falando, e faz com que você não saiba separar uma opinião de um fato. Seu pensamento se enfraquece por coisas que parecem bobas, é ridículo como uma tela na sua mão faz com que seu pensamento atrofie por falta de exercício.
Como está a sua caixa? Ela tem deixado você ousar? pensar fora dela ou o papelão não está te deixando respirar?
Não estou dizendo para parar de consumir seus conteúdos favoritos, (talvez alguns) mas sim que repense o que esta consumindo, que comece a pensar e ter suas próprias opiniões além dos seus vídeos salvos no tiktok.
Você realmente gosta das musicas de tal cantor ou deixa que o hype dele tome conta do seu Instagram e das suas postagens?
Seu estilo é baseado no que você gosta ou no que está na moda?
Os filmes que você assiste são todos para que você dê uma opinião rasa no seu letterbox ou você realmente procura entendê-los?
As opiniões que você vê no Twitter te fazem pensar ou concordam com crenças limitantes?
Seu tiktok te prende ou te impulsiona?
Seu Substack tem textos que te fazem pensar ou você só lê o que te agrada?
Seu Instagram é seu ou da opinião de outras pessoas?
Eu queria poder dizer que nem tudo precisa ser repensado antes de ser visto, no entanto, com base nas coisas que tem sido normalizadas pela nossa geração é sim necessário que tenhamos um pouco de pensamento e opinião antes de ler, ouvir, assistir ou consumir qualquer coisa para que não sejamos enganados por coisas ínfimas inseridas no nosso dia a dia e sejam normalizadas, é preciso estar de olhos abertos pra tudo e desconfiar de cada palavra sendo dita nos nossos celulares, por mais engraçadas que sejam.
E lembrar você que independente da trend, aesthetic ou moda que esteja passando, sua vida é só sua. Você não precisa ter vergonha de postar as coisas que você gosta no seu Instagram, afinal, são suas coisas e independente da vergonha ou do que os haters pensem, sua felicidade DEVE estar acima de tudo isso, não tem problema você fazer uma trend que estava em alta a dois meses atrás, nem postar uma música dos anos 60 de uma banda desconhecida, suas fotos não precisam ser todas aesthetic e você não tem que ter vergonha de postar suas fotos suspiro só porque o “user3729” disse que acha feio, opiniões são isso, cada um tem a sua e mesmo que sejam (burras e insignificantes), diferentes das suas, devem ser respeitadas e não uma régua, o celular é seu, a vida é sua e os gostos são seus, não deixe que os outros ou a sua bolha te limitem.
OBS: É a segunda vez que estou escrevendo esse texto porque apaguei o primeiro sem querer, originalmente era só sobre o quão importante é você conhecer outros nichos e bolhas, mas a partir do quarto parágrafo o militante dentro de mim começou a gritar.
Atenciosamente: MIKA